quarta-feira, 28 de julho de 2010

Chupa que é de uva...

São Paulo é como um mundo inteiro.
Em um centro cultural insuspeito jovens marginais, odores elitizados e poeiras ambulantes repartem cadeiras barulhentas em busca de um bocado de lazer. Mas este post não é sobre a sessão de curtas, e sim sobre a descoberta de João do Morro, que se deu por meio de um curta chamado Do morro!, Mykaela Plotkin e Rafael Montenegro, 2010.
O artista (?) pernambucano, para alguns pilheriador, para outros cronista, para terceiros nada senão cantor de arroxa, lambada ou seja lá o que for aquilo, chama a atenção pela sua cosmovisão, e é a atração unânime em todas as classes, das quais brotam as galeras que o querem apreciar.
O hit Ei Boyzinho (Papa-frango), que inclusive indico como forma de conhecer o cantor, foi preocupação do movimento gay recifense, pelo fato de a letra da música apresentar algum teor pejorativo. Todavia, o discurso intelectualizado quer fazer de João um cronista realista que mantém a fidedignidade da interpessoalidade em um mundo de conservadorismo em que as subversões são veladas pelos transgressores.
Em suma, João chegaria mais perto daquilo que idealmente se chama não ter papas na língua.
Seu myspace é engraçado.

2 comentários:

Arthur disse...

Eu considero Chico Baurque um cronista. Shakeaspeare um cronista.

João do Morro é tão "cronista realista que mantém a fidedignidade da interpessoalidade em um mundo de conservadorismo em que as subversões são veladas pelos transgressores" quanto eu sou presidente do Brasil. E não me chamo Lula.

Sinceramente, o cara só queria fazer uma musiquinha pra ganhar uma grana e ficar famoso. Aposto minha dignidade, se eu ja tive alguma, que ele jamais teve essa pretensão(ser cronista) e até ri desta falácia.

André Carvalho disse...

Em 2008 estive em salvador, e dancei muito axé e arrocha, todas as musicas dançadas me pareceram iguais, talvez pelo efeito do "capeta" (bebida de frutas e mto alcool).
João do morro faz ótimas letras, não shakeaspeareanas, fato, mas mesmo assim, que retratam situações latentes de determinados segmentos da sociedade, mas ao escutar o "Papa frango", não me atento a letra, o ritmo do arroxa, lambada, ou seja lá o que for é que me encanta. Encanta da mesma maneira que os tantos outros que o antecederam, que são seus contemporâneos e que o sucederá, nas interminaveis noites do eterno carnaval nordestino.